Há muito tempo, houve uma guerra na Alemanha que espalhou soldados por todo o país. Um capitão da cavalaria, que tinha muitos homens e cavalos para alimentar, foi instruído por seu coronel a arranjar comida nas fazendas das redondezas. O capitão cavalgou algum tempo pelo vale solitário e finalmente bateu à porta de um pequeno chalé. O homem que atendeu era velho, aleijado, e apoiava-se numa bengala.

– Bom dia, senhor – disse o capitão. – Poderia ter a gentileza de me mostrar um campo onde meus soldados possam colher grãos e levá-los para o nosso exército?

O velho conduziu os soldados pelo vale e, a cerca de uma milha, viram a distância um campo de cevada ondulando ao vento.

– É exatamente o que queremos. Vamos parar aqui! – exclamou o capitão.

– Não, ainda não – disse o velho. – Vocês precisam me acompanhar um pouco mais longe.

Depois de mais uma ou duas milhas, chegaram a um  segundo campo de cevada. Os soldados desmontaram, cortaram os talos, amarraram-nos em feixes e partiram com a provisão.

O capitão disse ao velho fazendeiro:

– Por que nos trouxe tão longe? O primeiro campo de cevada era melhor do que este!

– É verdade, senhor – disse o velho –, mas não era meu.

Do livro: O livro das Virtudes II